Presidente do Banco Central acredita que medidas implementadas pela autarquia ainda serão sentidas no país, reduzindo o impacto da inflação.
28/06/2022
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira (27), durante o Décimo Fórum Jurídico de Lisboa, que o “o pior momento da inflação já passou” no Brasil.
Segundo ele, graças ao histórico de convívio que o país teve com altos índices inflacionários, a autoridade monetária brasileira conseguiu “sair na frente”, adotando ferramentas capazes de frear o processo inflacionário.
O presidente da autarquia ainda aproveitou a oportunidade para ressaltar que o Brasil é um dos poucos países, que mesmo durante a alta inflacionária, está tendo revisões do Produto Interno Bruto (PIB) para cima.
“Inclusive a nossa última revisão no BC aumentou [a previsão de crescimento do PIB] de 1,5% para 1,7% [em 2022]. Provavelmente teremos PIB forte no segundo trimestre. Obviamente, em algum momento, tudo que estamos fazendo vai gerar alguma desaceleração no segundo semestre. Mas ainda assim o crescimento é bastante melhor do que se esperava no início do ciclo de ação”, afirmou Campos Neto.
Sobre a ação do BC, ele reforça: “como nós no Brasil entendemos que era problema mais de demanda, na minha opinião, até um pouco antes dos demais países, o BC do Brasil saiu na frente porque temos memória de inflação muito maior, e mecanismos de indexação muito mais vivos”, disse.
Neto afirmou também que o Brasil está perto de concluir o trabalho no aperto monetário, enquanto outros países ainda vão elevar bastante os juros.
Ainda segundo o presidente, o Brasil ainda apresenta um “componente de aceleração da inflação”, mas acredita que o pior já passou.
“Temos algumas medidas desenhadas pelo governo que ainda precisamos entender os feitos delas no processo inflacionário, o que ainda não está claro, mas o Brasil fez o processo antecipado e acreditamos que nossa ferramenta é capaz e vai frear o processo inflacionário”, conclui.
Atualmente, o Brasil enfrenta a inflação a 12,04% ao ano, segundo Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), representando mais de duas vezes o teto da meta oficial para este ano, que é de 3,5%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.